COORDENAÇÃO
Gabinete de Urbanização / Arquiteto-Urbanista Robert Auzelle
Robert Auzelle (Coulommiers, 1913 – Paris,1983) ingressa aos 19 anos na École Nationale de Beaux Arts, e conclui arquitetura em 1936. Prossegue estudos em urbanismo no Institut d’Urbanisme de l’Université de Paris (IUUP) e obtém a sua graduação em 1942, onde alinha com a nova geração de arquitetos franceses que criticam o IUUP, por não os estimular a abordar os novos conceitos urbanísticos da ”Carta de Atenas” de Le Corbusier (1933; V encontro CIAM em Atenas). O fascínio de Auzelle por ‘Corbusier’ relaciona-se essencialmente pela via da estética vibrante dos projetos e suas tecnologias construtivas. Durante o pós-guerra Auzelle trabalhou na reconstrução e planeamento de várias cidades francesas, bem como no desenho de variados cemitérios modelados num organicismo e um lirismo inspirado no paisagismo anglo-saxónico.
O primeiro contacto de Robert Auzelle (professor do Institut d’Urbanisme l’Université de Paris) com o Porto acontece em 1955, na Conferência na Escola de Belas-Artes do Porto onde conhece Carlos Ramos, diretor da ESBAP, e toda uma nova geração de arquitetos do Porto. A sua espiritualidade e seu humanismo católico aproximaram-no de arquitetos como Luíz Cunha, seu direto colaborador no Plano da Diretor Cidade, Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas, ou ainda Fernando Távora e Carvalho Dias. Depois, durante mais de uma década, Auzelle deslocou-se regularmente ao Porto para acompanhar a execução do Plano de Melhoramentos e a elaboração do Plano Diretor.
A política de habitação social do Estado Novo traduzida no Plano de Melhoramentos para a Cidade do Porto de 1956, veio romper com a estratégia urbanística do Plano Regulador da Cidade do Porto de 1952 de Antão de Almeida Garrett. Deste modo, o município do Porto encontrou em Robert Auzelle a personalidade adequada para repensar o urbanismo na cidade, contratando-o em junho de 1961 para coordenar os trabalhos de elaboração do Plano Diretor da Cidade do Porto, junto do Gabinete de Urbanização Municipal.
Auzelle inicia o processo com uma revisão sistemática do Plano Regulador, reconhecendo a relevância das propostas de Garrett, tais como: o sistema viário, as afetações do uso solo, a definição de unidades residenciais ou a eliminação de mercados abastecedores no centro cidade.
A orgânica da cidade passou a ser efetivada através de um criterioso sistema funcional, capaz de resolver os constrangimentos viários criando dois eixos direcionais, norte-sul e nascente-poente. Propõe uma a ligação ao tabuleiro superior da Ponte Luíz I até à VCI, e uma ligação da avenida da Boavista a Campanhã, através do viaduto de Gonçalo Cristóvão com ligação em túnel até à praça das Flores. Nas vias de comunicação em ponte nas entradas da cidade destaca-se a ponte da Arrábida na época em conclusão e uma nova ponte em Campanhã. Para o arco central da cidade Auzelle propõe as funções essenciais e antevê prováveis tendências de evolução num Porto dinâmico, centro administrativo e de negócios, comercial, intelectual, artístico e turístico.
A proposta do Plano Diretor da Cidade do Porto foi aprovada em reunião de Câmara a 18 de junho de 1963. O processo é finalmente remetido em 12 de maio de 1964, para parecer do Conselho Superior de Obras Públicas sob o n.º 3.337, o qual é homologado por despacho ministerial em 1 de agosto de 1964.
>Despacho Ministerial ao parecer N.º 3.337 do Conselho Superior de Obras Públicas
>Parecer N.º3.337 14-07-1964 Conselho Superior de Obras Públicas
>Regulamento de aplicação do Plano Diretor 1962
>Planta de definição da Altura dos edifícios
>Planta dos Sistemas Viários do Plano Diretor e do Plano Regulador
>Planta do estado atual da Cidade